HÁBITO DE FUMAR E DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Considerado doença pela Organização Mundial da Saúde, o tabagismo já matou mais de 100 milhões de pessoas. Atualmente, mata 3,5 milhões ao ano, número superior à soma das mortes provocadas pelo vírus da Aids, pelos acidentes de trânsito, pelo consumo de álcool, cocaína e heroína e pelo suicídio.

Só no Brasil, morrem cerca de 200 mil pessoas em decorrência de doenças relacionadas ao fumo. “O cigarro matou mais no século 20 que todas as guerras somadas: foram 100 milhões de vítimas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)”, afirma Mario Cesar Carvalho, repórter especial da Folha de S.Paulo e autor do livro “Folha Explica Cigarro”, editado pela Publifolha. Ainda de acordo com Carvalho, “o cigarro provoca 26 enfermidades fatais (11 tipos de câncer, seis doenças cardiovasculares, cinco respiratórias e quatro pediátricas), encurta em cinco anos a vida de quem consome 15 cigarros por dia e causa uma dependência tão grave quanto a da heroína”. A sensação de prazer é verdadeira, mas a impressão de que o cigarro acalma, relaxa e funciona como estabilizador do humor é tão falsa quanto uma nota de R$ 3.

Na verdade, a sensação de relaxamento ocorre porque a nicotina agiu sobre um mecanismo que ela própria criou – a da dependência. Ao tragar um cigarro, o fumante acalma-se porque estava em crise de abstinência. A nicotina que ele consumira já se dissipou no organismo. Aí, começam os sintomas da falta de nicotina – uma ansiedade que parece saltar pela boca, como se fosse sólida, acompanhada de irritação, nervosismo e incapacidade de concentrar-se. Quando se aspira o cigarro, a crise de abstinência é interrompida, e tem-se a sensação de relaxamento. Estritamente falando, a nicotina não acalma nem estabiliza o humor. Ela só alivia os sintomas provocados por sua própria falta; é a cura para um mal que ela própria criou. Quem nunca fumou não tem crise de abstinência. Fuma-se durante os picos emocionais – seja de excitação, seja de depressão – porque os sintomas desse gênero de crise são muito parecidos com os da ansiedade.

O filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-80) relata sua história de dependência em O Ser e o Nada, num dos mais belos textos sobre o mundo simbólico do cigarro:

” Há alguns anos, decidi parar de fumar. O início foi duro e, na verdade, eu não me preocupava tanto por perder o gosto do tabaco quanto por perder o sentido do ato de fumar. Produziu-se toda uma cristalização: eu fumava nas casas de espetáculo, ao trabalhar pela manhã, à noite depois do jantar, e parecia-me que, deixando de fumar, eu iria privar o espetáculo de seu interesse, o jantar de seu sabor, o trabalho matinal de seu frescor e vivacidade. Qualquer que fosse o acontecimento inesperado que irrompesse aos meus olhos, parecia-me que, fundamentalmente, ele ficaria empobrecido a partir do momento em que não mais pudesse acolhê-lo fumando. (  ) Parecia-me que tal qualidade seria por mim exterminada e que, no meio desse empobrecimento universal, valia um pouco menos a pena viver. Pois bem: fumar é uma reação apropriadora destruidora. O tabaco é um símbolo do ser “apropriado”, já que é destruído ao ritmo de minha respiração (  ). Para manter minha decisão de parar, tive de realizar uma espécie de descristalização, ou seja, sem exatamente perceber, reduzi o tabaco a si mesmo: uma erva que queima; suprimi seus vínculos simbólicos com o mundo; convenci-me de que não estaria subtraindo nada do teatro, da paisagem, do livro que estava sendo, se os considerasse sem o meu cachimbo; isto é, finalmente, percebi haver outras maneiras de possuir esses objetos, além dessa cerimônia de sacrifícios. Folha On Line – Jornal Folha de São Paulo.

Benefícios imediatos ao parar de fumar:

  • 20 minutos depois de parar de fumar: a pressão sangüínea e as batidas cardíacas voltam ao normal;    

  • 8 horas depois: a quantidade de monóxido de carbono no sangue diminui pela metade, a oxigenação das células volta ao normal;    

  • 24 horas depois: o monóxido de carbono é totalmente eliminado do corpo e os pulmões podem começar a eliminar o muco e os resíduos da fumaça;    

  • 48 horas depois: o corpo não contém mais nicotina — o gosto e o olfato começam a melhorar. A transpiração deixa de cheirar a tabaco;    

  • 72 horas depois: os brônquios começam a relaxar e a respiração melhora;    

  • De 2 a 12 semanas depois: a circulação venosa melhora;    

  • De 3 a 9 meses depois: os problemas respiratórios e a tosse acalmam, a voz se torna mais clara e a capacidade respiratória aumentou 10%
    (Quotidien du Médecin)

Quem não consegue parar sozinho, deve procurar ajuda médica, pois já existem remédios capazes de auxiliar na eliminação do vício.

Psicoterapia, massagem e relaxamento são poderosos aliados na luta contra o fumo.

Escrito por

Psicoterapeuta Junguiana pós-graduada pela FACIS e IJEP e Expertisse em Terapia Floral de Bach.

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